quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

sábado, 28 de abril de 2018

Há palavras que custam a ser escritas. Na minha cabeça, já escrevi este texto mais de muitas vezes. Escrevi-o com todos os detalhes possíveis. Escrevi-o simples. Não o fiz. Há palavras que custam a ser escritas agora que deixei de ser alguém e sou apenas Maria. Não me dei conta como se deu. Talvez tenha dado demasiado de mim. Ou talvez tenha sido a minha necessidade infinita de precisar e de querer ser amada. Talvez. Não me lembro da última vez que o meu coração foi realmente meu, mas sei que não o quero de volta. Foi fora de mim que aprendeu a conjugar o verbo amar e foi por nós por ele que derrubei as estruturas. Agora lentamente volto a erguê-las. Não sei o que vem depois, mas não vou esperar. Foi esperar que me fez fugir. Não vou tentar. Foi tentar que me fez ser apenas metade de mim. Existir é o suficiente por hoje. Será o suficiente até voltar a ser eu.
Se ainda existir um eu.

terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

um talvez

Parece-me impossível como uma página vazia é agora reflexo de tudo o que consigo ser. Como, tão conscientemente, as letras começaram a ser estranhas e tudo se tornou fosco em volta delas. Fico horas em frente àquela página vazia que teimo em querer preencher. Culpa minha em me acreditar capaz de um rabisco, quando até esse eu termino por tornar inexistente. Perdi demais de mim pelo caminho. Talvez a escrita (já) não faça parte deste físico. Talvez. Serei apenas isso por agora: um talvez.